sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Numa luta pela sobrevivência, sinto o tempo que me rasga e corre pelas veias… Encontro-me viva mas ao mesmo tempo vou morrendo entre memórias e recordações que trazem ao de cima a agonia de dolorosas marcas tatuadas a ferro quente na minha alma…
Sem dó nem piedade, sinto as minhas mãos a escorregar do cimo da montanha e ao olhar para baixo, vejo um sorriso que se fecha cada vez mais acabando por desaparecer desfazendo-se em lágrimas…
Sozinha, estou sozinha… A minha alma, é agora preenchida por tudo o que restou e gelou todo o meu interior, apenas foram deixadas mentiras e omissões… Num momento de cansaço e fracasso adormeço, num momento dominado pelo medo acordo para um mundo onde reina a escuridão e o grito das trevas tenta-me embalar e seduzir…
Tenho os meus olhos a transformarem-se em chamas ardentes de raiva porque a única coisa que conseguem ver é um mundo doentio, um mundo habitado por seres humanos despidos de alma e coração…
Humanos, é assim que somos designados… Mas que criaturas somos nós afinal? Que sangue ou veneno nos corre nas veias? Que amor ou ódio habita no nosso coração?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pensar em desistir, quando as forças se recusam a vencer e a cabeça teima em baixar. Mesmo depois do sol se ir, acreditar que a lua ainda pode brilhar, abrir a janela e cantar mas sentir que ninguém está lá para ouvir…
Muitas vezes me sinto perdida, penso que no amanhã já não consigo acordar, fecho os olhos e sou invadida pela sensação de que o mundo está parado revendo-me a chorar por todos os que me têm magoado e tatuado marcas tão profundas que nem o tempo será capaz de apagar…
Peço atenção ao meu futuro porque lhe quero contar uma história, a minha história… Apelo ao meu destino que não seja duro e escrevo-lhe todos os dias… Nele, desenho palavras soltas livremente pela minha alma e deixo-me ir na construção de frases que habitam no meu íntimo…
Nas páginas do meu coração, vai fluindo a história da minha vida. Nos altos e baixos do meu passado, vão-se perdendo e esquecendo histórias que eu escondia.
Horas passadas num silêncio que só eu consigo ouvir, minutos perdidos entre músicas e letras que nada parecem trazer à minha vida…
Viajo num mundo saturado de interrogações e cada vez mais vago em respostas… Flutuo em ilusões e sonhos que têm nas mãos o poder de me fazer naufragar a qualquer momento e cair num vazio capaz de me devorar deixando-me sem ar…
Há algum tempo que no meu interior existe uma voz presa, uma voz que se calou e que nunca mais regressVoz do meu íntimo...
Há dias, em que as vezes, dou comigo a pensar quantas vidas tem a vida e que sentido lhes dar… Tem dias, em que o dia teima em não querer chegar ao fim e no fim das contas feitas nada fica para contar, apenas a vontade de fugir e esconder-me como um bicho amedrontado
Entre este céu e o chão, entre este chão e o mar, entre o que sou e o que quero ser ainda muita coisa vai acontecer, ainda muito vou aprender, sofrer, chorar, rir, lutar e escolher… Escolher se vou ficar ou partir… Ficar acorrentada a uma marca deixada pelo meu passado e que dói de todas as vezes que tento dar um passo que requer independência e não posso, ou partir sem olhar para trás e pensar que Deus ainda tem algo bom guardado para mim…
No lugar que chamo quarto, com paredes de esperança, cada sonho é como um grito com vontade de lutar, cada grito é como uma força com vontade de se libertar, cada palavra escrita é como uma lágrima que corre e cada lágrima é como um sorriso que procura felicidade.
Todos os dias tento abraçar o meu interior, mas todos os dias me pergunto se na minha vida não haverão coisas que são simplesmente perda de tempo… Vejo-me a mim e ao mundo a desejar tudo e mais alguma coisa, sinto que falta sempre algo dentro de nós por mais bem pouco que seja…
Muitas vezes vou caindo sem me aperceber, quando me dou conta já bati bem lá no fundo e o regresso à sobrevivência transforma-se num autêntico campo de batalha entre mim e a solidão… Tem momentos em que a luz brilha no meu ser e parece que vem para ficar, mas pouco depois essa luz é apagada e sinto que a única coisa que me resta é o último lugar na plateia do olhar do munO último lugar é meu...