quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por quem não esqueci... Olha por mim aí em cima amigo...

Esta é a primeira publicação do mês de Julho… Mais um mês comum dos doze que fazem o ano, mas que quando recordado num passado de há cinco anos traz uma lembrança triste que nunca foi esquecida nem será no futuro…
É inevitável não falar desse acontecimento no meu blog e de uma pessoa que durante anos fez parte da minha vida, do meu dia-a-dia, das brincadeiras e companheiro na sala de aula…
Um miúdo giro, cheio de graça, brincalhão até dizer chega e muito mas muito doido… (lol).
Recordo, sem dúvida, com um enorme sorriso nos lábios, as travessuras dele e em que eu estava quase sempre envolvida uma vez que também não era o exemplo da menina sossegadinha… (lol).
Lembro-me que passávamos muitas das aulas na conversa e brincadeira, os professores chegaram mesmo a separar-nos até ao fim da aula que decorria. Mas o que me dá mais gozo lembrar e que ainda hoje me faz rir feito tola, foi um episódio que se passou numa aula de português do oitavo ano…
Era dia de receber a nota de um teste e por este facto a turma estava em grande agitação. Após recebermos o teste, e como fazíamos eu e esse meu companheiro de aula, começamos a comparar os testes e devido a uma resposta entramos em desacordo e perante esta situação a professora mandou-nos fazer silêncio. Como éramos meninos obedientes (lol, que ironia), continuamos a falar um com o outro fazendo talvez já um pouco de propósito para picar a professora que já não achando piada a brincadeira nos avisou mais uma vez. E mais uma vez os meninos obedientes continuaram a macacada em que já não me lembro bem porquê mas fiz uma festa com o meu teste na cabeça do meu companheiro ao qual ele resolveu reagir de uma forma cómica começando a queixar-se agarrado a um olho dizendo alto que eu o tinha agredido (logo eu que não batia a ninguém!! Só ao Luizinho!! Lol). Ao ver a reacção dele e sabendo que não lhe tinha feito nada muito menos tocado no olho, perguntei-lhe se ele estava bom da cabeça ao qual ele responde com um riso malandro fazendo-me perceber que ele tinha feito aquele teatro todo para ir dar uma voltinha ao recreio. E não é que foi? Aliás, fomos!! Sim, porque perante tal circo e depois de já termos sido avisados duas vezes, a professora enfurecida mandou-nos direitinhos para a rua com todas as letras para irmos apanhar ar. E lá foram os dois meninos bem comportados… Eu meia chateada e ele todo feliz!! (lol)
E falando em felicidade, era assim que ele era, um menino feliz, com a alegria como característica, amigo e com uma energia infindável.
Na “caixinha das memórias” está também o meu primeiro beijo… Sim, porque foi ele o primeiro menino a quem dei o meu primeiro beijo na inocência de quando se é criança… há momentos mesmo engraçados e que ficam sempre guardados.
Guardado também, está o dia em que ele partiu e que ainda hoje me interrogo se isso aconteceu mesmo…
Na madrugada do dia dois de Julho de 2005, e depois de uma noitada em Macedo de Cavaleiros, Hugo perdeu a vida num acidente de carro ao regressarem a casa… Ele vinha no banco de trás e já perto de Vila Real, quando o condutor perdeu o control do carro e tudo aconteceu…
Apenas seis dias mais novo que eu e tão cedo perdeu a vida, já tão perto de casa… Relembro como que se fosse hoje, o momento em que o telefone tocou e uma amiga e colega nossa me deu a notícia. Por momentos o meu cérebro parou e estava a ver muitos Hugos mas não ele. Quando cheguei finalmente a ele, não queria acreditar que era verdade e repetidamente me recusava a acreditar. Chorei, chorei muito agarrada a minha mãe como um bebé em aflição. Era real, era mesmo real e eu colocava flores do lado dele como que se fosse um sonho mau do qual eu iria despertar brevemente.
Certo é que nunca despertei, porque nunca foi um sonho mau mas sim sempre realidade… Certo foram também os dias seguintes em que tantas vezes falávamos entre amigos e nos perguntávamos porquê e se tinha realmente acontecido.
E mais que certo é também eu lembrar-me dele várias vezes, lembrar o dia de anos dele e também o dia em que ele deixou de estar entre nós…
Pois é, o que nos vai acontecer daqui a segundos ninguém sabe…
A vida brinca conosco, mas nós não devemos brincar com ela…
Esquecer-te nunca, nunca mesmo Hugo…
O teu chapéu vive por aqui…